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Sérgio Gabrielli - Ex - Presidente da Petrobras. |
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras do Senado
vai ouvir nesta terça-feira (20) o ex-presidente da estatal José Sérgio
Gabrielli. Ele esteve à frente da estatal entre 2005 e 2011 e deverá responder
questões dos senadores sobre o prejuízo causado à petrolífera com a aquisição
da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, a partir de 2006.
Gabrielli chegou a ser chamado para
prestar esclarecimentos na Câmara dos Deputados na semana passada, mas cancelou
sua ida alegando que seria convocado pela CPI da Petrobras.
Controlada por aliados do Planalto, o
ex-presidente da estatal deve encontrar um clima favorável para prestar
esclarecimentos. A oposição tem boicotado a CPI e defendido a instalação de uma
comissão mista (Senado e Câmara), onde avalia ter mais chance de atingir o
governo na investigação.
No início de abril, Gabrielli afirmou
a deputados do PT que a compra de Pasadena foi, na época da compra (2006),
"um bom negócio". Ele também admitiu em entrevista ao jornal "O
Estado de São Paulo" sua parcela de responsabilidade no negócio
controverso, mas dividiu o ônus com a presidente Dilma Rousseff.
Segundo Gabrielli, o relatório
entregue ao Conselho de Administração da estatal foi "omisso" ao
esconder duas cláusulas que constavam do contrato, mas Dilma, que era ministra
da Casa Civil e presidia o conselho, "não pode fugir da responsabilidade
dela".
A defesa do negócio de Pasadena de Gabrielli contrasta versão
sobre a compra fornecida pela atual presidente da Petrobras, Graça Foster. A
executiva também foi convocada pela CPI e irá depor no colegiado na próxima
terça-feira (27).
Em audiências na Câmara e no Senado,
a executiva admitiu que a compra de Pasadena "não foi um bom
negócio". Graça também afirmou que a compra da refinaria foi um negócio de
"baixo retorno" analisando o cenário do mercado de petróleo e gás
atual, mas "potencialmente bom" na época da aquisição dos 50%
iniciais da belga Astra Oil.
Confira quais perguntas o
ex-presidente da Petrobras deve responder:
Por que a refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006, custou
tão caro?
A aquisição da refinaria de Pasadena em 2006 pela Petrobras é uma das
principais investigações defendidas por líderes da oposição em uma CPI. A
polêmica está no valor da compra. A Petrobras pagou à empresa belga Astra, da
qual era sócia na refinaria até então, US$ 360 milhões pela primeira metade da
refinaria e US$ 1,18 bilhão para adquirir o restante. Há suspeita de um ano
antes, a mesma refinaria tinha custado a Astra US$ 42,5 milhões. A atual
presidente da Petrobras afirma que a companhia belga gastou pelo menos US$ 360
milhões com Pasadena.
Dilma tem responsabilidade na compra de Pasadena?
Documentos obtidos pelo jornal "O Estado de São Paulo" mostram que
Dilma, então ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração
da Petrobras, votou a favor da compra de 50% da refinaria americana em 2006. Ao
justificar seu voto a presidente afirmou, em nota oficial, que só apoiou a
medida porque recebeu "informações incompletas" de um relatório elaborado
pelo ex-diretor da área internacional Nestor Cerveró.
Como explicar as suspeitas de pagamento de propina a funcionários
da Petrobras para facilitar a conclusão de contratos?
Há contratos suspeitos entre a estatal e a empresa holandesa SMB Offshore. A
CGU (Controladoria-Geral da União) está apurando denúncias de que a companhia
holandesa pagou propina a funcionários da estatal para conseguir contratos de
locação de plataformas petrolíferas entre os anos de 2005 e 2012. Na Câmara há
uma comissão externa para investigar as suspeitas. Os deputados vão ao Rio de
Janeiro e ao Paraná para investigar uma possível relação com a operação Lava
Jato da Polícia Federal que prendeu o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto da
Costa.
Houve favorecimento da Petrobras a fornecedores que doaram para
partidos da base aliada?
Levantamento do jornal "Folha de S.Paulo" mostra que partidos da base
aliada concentram maior parte das doações nas eleições de 2010 de empresas
listadas em um documento apreendido pela Polícia Federal na casa do ex-diretor
da Petrobras Paulo Roberto da Costa. Todas são fornecedoras da estatal. Ele
está preso desde março por suspeita de integrar um esquema de lavagem de
dinheiro que movimentou R$ 10 milhões e que intermediou doações eleitorais,
segundo investigações da PF.
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