Aliado do Planalto, o presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), transferiu para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)
a palavra final sobre a instalação de uma CPI na Casa para investigar a
Petrobras. Ele rejeitou dois questionamentos – um dos governistas, contra uma
CPI para apurar exclusivamente denúncias envolvendo a Petrobras; e outro da
oposição, contra uma CPI com foco ampliado para outras suspeitas. O assunto
deve ser tratado pela CCJ, que tem maioria governista, em reunião na semana que
vem.
Renan disse ser favorável às investigações, como
quer a oposição, mas que não vê problema na apuração de diversas denúncias ao
mesmo tempo, como defende a base aliada. Diante do impasse, ele designou a CCJ
para decidir sobre os questionamentos feitos ontem à noite pela senadora Gleisi
Hoffmann (PT-PR) e pelo senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Gleisi questiona a criação da CPI proposta pela
oposição para investigar exclusivamente suspeitas de irregularidades na
Petrobras e defende a ampliação das investigações para outros casos. Já Aloysio
contesta o pedido de criação de uma CPI dos governistas para investigar, além
da Petrobras, denúncias que envolvem estados administrados pela oposição.
Os governistas querem que sejam apuradas denúncias
relativas ao cartel do metrô de São Paulo, à construção do porto de Suape, em
Pernambuco, e à Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). O senador tucano
alega que questões estaduais não podem ser investigadas em nível federal.
Em discurso, Renan disse compreender os argumentos
da oposição e do governo. Mas evitou dar a última palavra sobre o assunto. “Os
dois lados apontaram fatos determinados que merecem essa investigação política,
ainda que estejam sendo apurados pelas instâncias competentes. Creio que a prudência
e a razão recomendam que investiguemos todos os fatos. Afinal, a impunidade que
pode brotar tanto da omissão quanto da leniência não deve se transformar em
cumplicidade, motivo pelo qual não vejo como evitarmos as investigações”, disse
Renan, citando decisões judiciais que permitiram que CPIs tivessem mais de um
fato a ser investigado. “Se uma comissão começa com fatos, ainda que múltiplos,
seu objeto de investigação está determinado”, acrescentou.
Renan Calheiros informou que o requerimento da
CPI mista da Petrobras — protocolado hoje pela oposição e assinado por 30
senadores e 231 deputados — vai ser lido na próxima sessão do Congresso,
marcada para o próximo dia 15.
Fonte :
Congresso em foco.
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